terça-feira, 2 de outubro de 2007

Papo cabeça - Parte II

Machado de Assis disse: "Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz". Concordo, mas peço licença ao autor que tanto admiro para falar de afetividade, afeição, amizade. Eis o tema de hoje. Quando nos afastamos de quem mais amamos, é natural pensar nos laços que nos unem a outrem. Existem pessoas que conhecemos há anos, mas que estão a léguas de nosso coração. Outras, em um dia, conquistam a nossa eterna simpatia. Muitas vezes, até a amizade.

Tenho uma amiga, muitíssimo querida. Pode-se dizer que, desde que nos reencontramos nas voltas que a vida dá, não nos separamos mais. Fisicamente sim. Ela está expatriada no momento, assim como eu. Porém, o laço é forte demais para ser rompido. Posso dizer que somos amigas há pouco mais de uma ano, apesar de tê-la conhecido há mais de dez. No entanto, só recentemente descobrimos como nos identificamos e construímos uma afeição sincera para a vida toda.

Aqui, nesta cidade, em que tudo é novo para mim, conheci pessoas que já contam com minha afeição. Algumas passarão, outras passarinho (parafraseando mal e porcamente o querido Mário Quintana!)... Enfim, algumas farão parte apenas de momentos nessas terras lusitanas, outras marcarão nossas vidas como amigos queridos do coração. E, nessas voltas que a vida dá, de encontros e desencontros, quem sabe, amigos do agora não serão amigos do amanhã?

Afinal, amigos é o que realmente conta. E, ao me afastar de vários, começo a perceber quem eles realmente são, de quem verdadeiramente sinto saudades, quem está ao meu lado - apesar do oceano que nos separa - nas angústias e também nas alegrias.

Como diz Riobaldo, em Grande Sertão Veredas: “Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia”. E nessa travessia, nesse vai e vem, muitos ficam no coração. Ou, quem sabe, na terceira margem do rio...

Um comentário:

Ricardo Alves de Lima disse...

simples e deliciosamente envolvente....