sexta-feira, 31 de julho de 2009

Direto de Moçambique


Dia 16 de julho, o escritor moçambicano Mia Couto lançou o livro "Jesusalém" aqui em Coimbra. O livro foi lançado duas semanas antes no Brasil, mas com outro nome, para evitar problemas como os evangélicos, conforme contou Mia.
Estou terminando a leitura. Já tinha lido artigos dele, mas nenhum romance. É pura poesia em prosa. Estou adorando a escritura, a história, a simplicidade da genialidade! Agora quero conhecer mais a obra dele!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ai que saudade da Bahia!


Ontem teve show de Daniela Mercury aqui perto, num lugarejo chamado Cantanhede. Quem diria que assistiria a um show dela pela primeira vez aqui em Portugal...

Digamos que, por mais que ame meu País, a brasilidade aflora à pele quando somos estrangeiros.

Foi bom um ouvir a nossa música baiana e compreender de uma forma mais intensa a maravilha que foi receber a herança da raça e da cultura negras. Agora, mais perto da África, essa consciência fica mais intensa quando penso na Bahia, na sua ginga, no sincretismo...

Nada da animação que seria um show de Daniela no Brasil, obviamente... Mas foi bem bom!!!


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Você compreende o minerês?

Copiei do blog da minha irmã este texto de Felipe Peixoto de Braga Netto.
É longo, mas vale a pena pra quem quer entender mais o que é que a mineira tem!!!!

Minerês... Um charme!

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora?

Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.

Mas, se o sotaque desarma, as expressões são um capítulo à parte. Não vou exagerar, dizendo que a gente não se entende... Mas que é algo delicioso descobrir, aos poucos, as expressões daqui, ah isso é...

Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar". Não dizem: onde eu estou?, dizem: "ôndôtô?"). Parece que as palavras, para os mineiros, são como aqueles chatos que pedem carona. Quando você percebe a roubada, prefere deixá-los no caminho.

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem — lingüisticamente falando — apenas de uais, trens e sôs. Digo-lhes que não.

Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro — metaforicamente falando, claro — ele é bom de serviço. Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar. Desnecessário.

Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: — Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).

O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz:
— Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.

Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, olá, me escutem, por favor. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "apaixonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa.

Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de bonitim, fechadim, e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca.

Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas. Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer:
— Eu preciso de ir.

Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta. Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório. Deixa eu repetir, porque é importante. Aqui em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum. Entendam... Você não precisa ir, você "precisa de ir". Você não precisa viajar, você "precisa de viajar". Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará:
— Ah, mãe, eu preciso de ir?

No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Deus, tenho que explicar tudo. Não vou ficar procurando sinônimo, que diabo. E não digo mais nada, leitor, você está agarrando meu texto. Agarrar é agarrar, ora!

Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará:
— Ai, gente, que dó.

É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Eu aviso que vá se apaixonar na China, que lá está sobrando gente. E não vem caçar confusão pro meu lado.

Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom (acho que dá na mesma), ela, se for jovem, vai gritar: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do tanto de bom que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Ouço a leitora chiar:
— Capaz...

Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "tá fácil que eu faça isso", com algumas toneladas de ironia. Gente, ando um péssimo tradutor. Se você propõe a sua namorada um sexo a três (com as amigas dela), provavelmente ouvirá um "capaz..." como resposta. Se, em vingança contra a recusa, você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "ô dó dôcê". Entendeu agora?

Não? Deixa para lá. É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica:
- Ah, nem...

O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?". Resposta: "nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?

A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?". A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê não anima de ir"? Tão simples. O resto do Brasil complica tudo. É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...

Certa vez pedi um exemplo e a interlocutora pensou alto:
— Você quer que eu "dou" um exemplo...Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação. Mas que são uma gracinha, ah isso lá são.

Ei, leitor, pára de babar. Que coisa feia. Olha o papel todo molhado. Chega, não conto mais nada. Está bem, está bem, mas se comporte.

Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade...

Tem tantos outros... O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema. Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras.

Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão. Se você, em conversa, falar:
— Ah, fui lá comprar umas coisas...
— Que' s coisa? — ela retrucará.
Acreditam? O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.

Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade". E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:
— Ele pôs a culpa "ni mim".

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: "preocupa não, bobo!". E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim. A fórmula mineira é sintética. e diz tudo.

Até o tchau. em Minas. é personalizado. Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau pro cê", "tchau pro cês". É útil deixar claro o destinatário do tchau. O tchau, minha filha, é prôcê, não é pra outra entendeu?

Então...
Tchau procês!!!

domingo, 26 de julho de 2009

Vida que segue?!!!

A gente sofre sempre de qualquer jeito? Abrindo-se ou fechando-se? Ou chega uma hora em que tudo se serena e é tempo de ser mais feliz que antes?
Somos sempre uma folha ao vento ou escolhemos a direção de qual vento seguir?
Sei que a felicidade completa não é deste mundo... Mas sei também que fomos criados para sermos felizes.
Equação difícil né?!!!!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Olhar para a dor do outro


Foto de Ovie Carter, vencedora do World Press Photo 1974 - Vítima da seca e fome em Níger


Está difícil. Dói. Meu peito fica apertado. Minha cabeça pesada. Dá um nó na garganta.
Olhar para as fotos objetos do meu estudo de caso provoca tudo isso. E muito mais.
Como se não bastassem todas as tensões e angústias inerentes a quem vive a construção de uma dissertação, eu preciso conviver o tempo todo com a dor do outro. Que está doendo em mim.
Preciso de umas pausas.
Preciso respirar.
Preciso ver o lado bom da vida e dos homens, apesar de tanta dor e de tanto sofrimento.
Preciso acreditar que os limites de usar fotos como essas na imprensa precisam ser avaliados. Que vou dar alguma contribuição para um mundo melhor. Um mundo em que os seres humanos se respeitem e vejam a dignidade como um bem maior.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Exercício diário de uma mestranda

- Dizer pra mim mesma: "Sim, eu posso, eu consigo"
- Driblar o desânimo
- Driblar a preguiça
- Driblar a insegurança
- Driblar o cansaço físico e mental
- Parar de me enganar e de enrolar
- Concentrar-me
- Continuar acreditando que tudo sempre dá certo no final
- Não me perder em devaneios
- Vigiar o coração, porque não é hora dele se ocupar
- Evitar sentir saudades dessa vida de estudante em Coimbra antes da hora
- Manter a fé fortalecida

Ufa!!!!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Domingo em Lisboa

Hoje passei o dia em Lisboa.
Fui à exposição do World Press Photo 2009: objeto de estudo!
Finalmente conheci o Oceanário!

Olha que interessante: este mostro marinho é todo construído com latinhas amassadas!


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Repassando...

Recebi e gostei.

EU TE AMO NÃO DIZ TUDO

(Arnaldo Jabor)

"O cara diz que te ama, então tá! Ele te ama. Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas.

Mas ouvir que é amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de quilômetros. A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você quando for preciso.

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou há dois anos, é vê-la tentar reconciliar você com o seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo tempestade em copo dá água.

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão... Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.

Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta: Eu te amo não diz tudo."

"Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso"

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Não é fácil

Estava quieta no meu canto. Meu coração estava fechadinho, para não atrapalhar o momento "dissertação". Melhor assim. Sem problemas, sem sustos, sem disparos. Abri uma janelinha. E já me machuquei. No susto, fechei de novo a janelinha. Rápido. Tenho medo de ficar com medo de abrir de novo...
Meu amigo virtual, preciso de suas palavras num comentário cheio de poesia e carinho!!!!! Elas me enchem de vida e de alegria, sempre!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Introspecção: o retorno

Acho que estou bipolar. Depois desse excesso de bom humor, hoje estou quieta, cá com os meus botões, pensando, matutando e melancólica.
Fico triste porque, apesar de saber que não devo fazer isso, crio expectativas em relação ao outro. Ninguém deveria fazer isso. Mas todo mundo faz... Daí fico triste porque fiquei triste com isso e acho que não vale a pena perder meu tempo nem me entristecer...
Acho que tem a ver um pouco também com o fato de eu ter passado por uma crise na dissertação ontem. Bateu mesmo um desespero, uma paralisia de não saber como se mover nem para onde.
Mas passa. Tudo passa. E amanhã vai ser outro dia, já dizia meu querido Chico!!!!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Devaneios do cotidiano


Hoje estou num bom humor impressionante. Impressionante porque inabalável, principalmente por ter vários motivos para não estar...
Ontem fui dormir cedo para ver se conseguia levantar mais cedo e fazer o dia render. Funcionou, em termos... Foi aí que começaram os motivos para perder o bom humor (ou mesmo começar o dia sem ele...), o que, inacreditavelmente, não ocorreu.

Motivos para não manter o bom humor:
1. Acordei às 5h30 e custei a dormir de novo. Acabei me levantando às 10h30!
2. A obra em frente aqui de casa (e o barulho) continua.
Obs.: O pedreiro assobia o tempo todo (quem me conhece bem sabe como AMO assobios).
3. Fui à biblioteca da universidade e demoraram milênios para acharem o livro que eu solicitei.
4. O principal livro de que eu preciso com urgência está emprestado. Como o empréstimo no Instituto de Estudos Filosóficos não é informatizado, para saber se o livro está disponível, tenho que ficar indo até lá...
5. São quase 22h e ainda não rendi nada. Portanto, espero ficar acordada madrugada adentro para ver se estudo alguma coisa e alivio a consciência.
Obs.: Para tal feito, tomei um café que é uma mistura de grãos árabes!

Motivos para manter o bom humor:
1. Desconhecido